segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Porto Sentido


Quem vem e atravessa o rio,
  junto à serra do Pilar,
  vê um velho casario,
  que se estende ate ao mar.

   Quem te vê ao vir da ponte,
  és cascata, são-joanina,
  dirigida sobre um monte,
  no meio da neblina. 

 Por ruelas e calçadas,
  da Ribeira até à Foz,
por pedras sujas e gastas,
  e lampiões tristes e sós.

 E esse teu ar grave e sério,
  dum rosto e cantaria,
  que nos oculta o mistério,
  dessa luz bela e sombria.

   Ver-te assim abandonada,
  nesse timbre pardacento,
  nesse teu jeito fechado,
  de quem mói um sentimento.

   E é sempre a primeira vez,
  em cada regresso a casa,
  rever-te nessa altivez,
  de milhafre ferido na asa.

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